domingo, 6 de janeiro de 2013

HÁ VAGAS PARA MÉDICOS!!


Acabo de completar 4 anos atuando como médico no Vale do Arinos e uma situação que sempre vejo são os municípios da região procurando médicos. Nunca estão com seu quadro completo, quando completa em um município falta em outro, em Porto dos Gaúchos eu trabalhei com 7 médicos diferentes nestes 4 anos e houve um longo período em que estive sozinho.  

Em contrapartida disso vimos uma serie de reportagem no Jornal Nacional sobre o ensino médico no Brasil e um dos destaques desta serie foi mostrar que o numero de faculdades de medicina no Brasil mais que dobrou nos últimos 10 anos. E é verdade., no ano em que fiz meu vestibular, por exemplo, o mato grosso formou 40 novos médicos hoje forma mais de 200. Isso tudo mostra um futuro complicado para a medicina, por que o aumento da quantidade geralmente vem acompanhado na redução da qualidade.

Mas se forma tantos médicos novos, por que os municípios do Vale do Arinos não conseguem completar seu quadro de médicos?  Simples, junto com o aumento do número de profissionais aumentou-se também o número de postos de trabalho para médicos, principalmente nos grandes centros e nas regiões próximas a eles. Ou seja, faltam médicos até nas capitais e regiões metropolitanas.

Outro ponto que contribui para a falta de médicos na nossa região é a equiparação salarial. Há anos atrás um médico que se aventurava em vir para regiões longes dos grandes centros recebia verdadeiras fortunas de remuneração e tinha a possibilidade de enriquecer rápido. Porém hoje os repasses do Governo Federal para manter um PSF, por exemplo, é igual em todos os lugares e os municípios não conseguem dar uma contrapartida atrativa. Soma-se a isso o fato dos hospitais da região viverem de repasses menores, pois são de baixa e média complexidade, logo os valores dos plantões, na nossa região, são bem inferiores ao que se recebe na capital do estado, por exemplo.

Resumindo: por um PSF no vale do Arinos se recebe em média uns 20% a mais do que na capital do estado, e as cidades que circunda a capital já tem valores semelhantes ou até superiores aos nossos. Um plantão em um hospital público em Cuiabá se recebe de duas as vezes três vezes do valor pago na nossa região, visto que os hospitais são de alta complexidade. Trabalha-se mais, porém recebe-se bem mais!

Logo destes 200 médicos que se formam no mato grosso poucos são os que estão dispostos a se aventurar pelo norte do estado e os poucos que vem, são por motivos pessoais e não financeiros (como no meu caso). Alias a maioria dos que se graduam no Mato Grosso não ficam nem no estado, pois no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Sul do Brasil se recebe o mesmo que em Cuiabá. Não é atoa que encontro mais colegas de faculdade quando vou a São Paulo do que em Cuiabá.

A situação parece complicada e sem solução, porém existe um Projeto de Emenda Constitucional de autoria do Deputado Federal Dr Ronaldo Caiado (DEM-GO) que vem apresentar uma solução para esse problema. Mas vou deixar para falar dela em outro texto, se não este vai ficar muito cansativo e ninguém vai ler.

2 comentários: